Xa = Raio, fogo, alma
Angô= Senhor, dirigente Xangô é o Orixá da Justiça e seu campo preferencial de atuação é a razão, despertando nos seres o senso de equilíbrio e eqüidade, já que só conscientizando e despertando para os reais valores da vida a evolução se processa num fluir contínuo.
São Jerônimo – Xângo Agodô = Rei daCachoeira, Senhor da Justiça, Rei das Pedreiras, dos Raios e Trovões edas Forças da Natureza.
São Pedro – Xângo Agajô = Protetor das Almas que entram no céu.
São João Batista – Xangô Kaô = Protetordos que sofrem injustiças, Senhor Chefe das Falanges do Oriente.(Ori=Cabeça) Rei da Cachoeira, Senhor da Justiça, Rei das Pedreiras,dos Raios e Trovões e das Forças da Natureza.
Xangô é um Orixá bastante popular no Brasil e às vezes confundido como um Orixá com especial ascendência sobre os demais, em termos hierárquicos. Essa confusão acontece por dois motivos: em primeiro lugar, Xangô é miticamente um rei, alguém que cuida da administração, do poder e, principalmente, da justiça - representa a autoridade constituída no panteão africano. Ao mesmo tempo, há no norte do Brasil diversos cultos que atendem pelo nome de Xangô. No Nordeste, mais especificamente em Pernambuco e Alagoas, a prática do candomblé recebeu o nome genérico de Xangô, talvez porque naquelas regiões existissem muitos filhos de Xangô entre os negros que vieram trazidos de África. Na mesma linha de uso impróprio, pode-se encontrar a expressão Xangô de Caboclo, que se refere obviamente ao que chamamos de Candomblé de Caboclo.
Xangô é pesado, íntegro, indivisível, irremovível; com tudo isso, é evidente que um certo autoritarismo faça parte da sua figura e das lendas sobre suas determinações e desígnios, coisa que não é questionada pela maior parte de seus filhos, quando inquiridos.
Suas decisões são sempre consideradas sábias, ponderadas, hábeis e corretas. Ele é o Orixá que decide sobre o bem e o mal. Ele é o Orixá do raio e do trovão.

Xangô tem a fama de agir sempre com neutralidade (a não ser em contendas pessoais suas, presentes nas lendas referentes a seus envolvimentos amorosos e congêneres). Seu raio e eventual castigo são o resultado de um quase processo judicial, onde todos os prós e os contras foram pensados e pesados exaustivamente. Seu Axé, portanto está concentrado nas formações de rochas cristalinas, nos terrenos rochosos à flor da terra, nas pedreiras, nos maciços. Suas pedras são inteiras, duras de se quebrar, fixas e inabaláveis, como o próprio Orixá.
O símbolo do Axé de Xangô é uma espécie de machado estilizado com duas lâminas, o Oxé, que indica o poder de Xangô, corta em duas direções opostas. O administrador da justiça nunca poderia olhar apenas para um lado, defender os interesses de um mesmo ponto de vista sempre. Numa disputa, seu poder pode voltar-se contra qualquer um dos contendores, sendo essa a marca de independência e de totalidade de abrangência da justiça por ele aplicada. Assim como Zeus, é uma divindade ligada à força e à justiça, detendo poderes sobre os raios e trovões, demonstrando nas lendas a seu respeito, uma intensa atividade amorosa.
Outra informação especifica que esse Oxé parece ser a estilização de um personagem carregando o fogo sobre a cabeça; este fogo é, ao mesmo tempo, o duplo machado, e lembra, de certa forma a cerimônia chamada ajerê, na qual os iniciados de Xangô devem carregar na cabeça uma jarra cheia de furos, dentro da qual queima um fogo vivo, demonstrando através dessa prova, que o transe não é simulado.
Xangô portanto, já é adulto o suficiente para não se empolgar pelas paixões e pelos destemperos, mas vital e capaz o suficiente para não servir apenas como consultor.
Tudo que se refere a estudos, as demandas judiciais, ao direito, contratos, documentos trancados, pertencem a Xangô.
Xangô teria como seu ponto fraco, a sensualidade devastadora e o prazer, sendo apontado como uma figura vaidosa e de intensa atividade sexual em muitas lendas e cantigas, tendo três esposas.
Xangô também gera o poder da política. É monarca por natureza e chamado pelo termo obá, que significa Rei. No dia-a-dia encontramos Xangô nos fóruns, delegacias, ministérios políticos, lideranças sindicais, associações, movimentos políticos, nas campanhas e partidos políticos, enfim, em tudo que gera habilidade no trato das relações humanas ou nos governos, de um modo geral.
Xangô é a ideologia, a decisão, à vontade, a iniciativa. É a rigidez, organização, o trabalho, a discussão pela melhora, o progresso social e cultural, a voz do povo, o levante, à vontade de vencer. Também o sentido de realeza, a atitude imperial, monárquica. É o espírito nobre das pessoas, o chamado “sangue azul”, o poder de liderança. Para Xangô, a justiça está acima de tudo e, sem ela, nenhuma conquista vale a pena; o respeito pelo Rei é mais importante que o medo.
Xangô é um Orixá de fogo, filho de Oxalá com Iemanjá. Diz a lenda que ele foi rei de Oyó. Rei poderoso e orgulhoso e teve que enfrentar rivalidades e até brigar com seus irmãos para manter-se no poder.
Mito II - Xangô, filho de Obatalá, era um jovem rebelde e vez por outra saía pelo mundo botando fogo pela boca, queimando cidades e fazendo arruaça. Seu pai, Obatalá, era informado de seus atos, recebendo queixas de todas as partes da terra. Obatalá alegava que seu filho era como era por não haver sido criado junto dele, mas que, algum dia, conseguiria dominá-lo.
Certo dia, estando Xangô na casa de Obá, deixou seu cavalo branco amarrado junto à porta da casa. Obatalá e Odudua passaram por lá, viram o animal de Xangô, e o levaram com eles. Ao sair, Xangô percebeu o roubo e enfurecido saiu em busca do animal, perguntando aqui e acolá. Chegando a uma vila próxima dali, informaram-lhe que dois velhos estavam levando consigo seu animal, o que deixou Xangô ainda mais colérico. Xangô alcançou os dois velhos e ao tentar agredi-los percebeu que eram Obatalá e Odudua. Obatalá levantou seu opaxorô (cajado) e ordenou: “Sangò kunlé, foribalé”. Xangô desarmado atirou-se ao chão em total submissão à Obatalá.
Xangô tinha consigo seu colar de contas vermelhas, que Obatalá arrebentou e misturou a elas suas contas brancas dizendo: “Isto é para que toda a terra saiba que você é meu filho”.
Daquele dia em diante Xangô submeteu-se às ordens do velho rei.
HETEROMORFIA E SINCRETISMO
Xangô é identificado com São Jerônimo, o erudito doutor da Igreja latina e, excepcionalmente, com Santa Bárbara.
No cancomblé, usa saiote e calça, coroa de cobre, metal precioso em Iorubá, braceletes e colares de cauris ou búzios.
Xangô-Airá, velho e alquebrado, veste-se de branco com barras vermelhas. Não come aceite, pois tem pacto comOxalá. Identificado com SãoPedro. Forma cada vez mais rara noscandomblés.
Xangô de Ouro, um adolescente vestido decores variadas, é São João Menino. Não ‘desce’ mais, porque deixaram deser encontradas as ervas necessárias, nos ritos de iniciação, para a’entrada na cabeça’ desse orixá. Um Xangô banido pela destruiçãoecológica.
Xangô Ogodô dança com um ochê em cada mão e o próprio nome é referência ao machado duplo, pois ogodô significa’que corta dos dois lados’.
Em Recife cultuam dois Xangôs principais: Xangô-Velho, identificado com São Jerônimo, cuja festa é a 30 desetembro, e Xangô-Moço (Ani-Xangô), sincretizado com Saõ João e celebrado a 24 de junho.
Dos seus símbolos e insígnias, o machado duploou ‘muleta’ e o pilão são conservados no peji, de onde podem sair emdeterminados rituais. Jamais é retirado, no entanto, o’corisco’ ou itáou otá (pedra-do-raio), que permanece guardado num alguidar (oberá).Xangô é tão popular em Pernambuco, que o nome passou a designar terreiros e, ainda mais extensamente, todas as seitas afro-brasileiras.
Entre as várias formas de Xangô citam Xangô Dadá, em Porto Alegre identificado com São João Batista e que noseu dia, 24 de junho, não ‘baixa’ porque, com a queima de fogos que ofestejam, ele iria incendiar o mundo.
Na realidade, Dadá é o irmão mais velho deXangô, que abdicou em seu favor, quando de Oyá. Dadá dança coroado como adé-de-banhami ou corão de Dadá, um capacete vermelho, todo ornamentado de cauris e de cujas bordas pendem fios também cobertos debúzios.
Quando Dadá se manifesta num candomblé, logo baixo um Xangô,que tira o adé-de-banhami e coloca na própria cabeça. Após dançar algumtempo com essa coroa de Dadá, Xangô acaba por devolvê-la, num símbolo da restituição, após sete anos, do reino de Oyó, que estava em poder deXangô.
Xangô o Zeus iorubano é conhecido também(dependendo da nação) como : Xangô (nagôs), Sobô, Sogbo (jejes), Badé,Quevioçô (fanti-ashanti), Conucon (tapa), Abaçucá (agrôno), Zaze,Cambãranguange ou Kubuco (bantos). Ele foi marido de três iyabás queforam rios africanos: Oiá (Niger), Oxun e Obá. (segundo Pierre FatumbiVerger) – no livro Orixás.
Sua saudação – Kaô kabiecí! – significa ‘Venham ver o Rei!’
Xangô dança brandindo seu machado duplo e,quando o ritmo se acelera, faz o gesto de atirar pedras-do-raio imaginárias, tiradas do labá, uma bolsa decorada que ele leva atiracolo.
Numa festa de Xangô, por vezes, os que estão possuídos pelo Orixá ingerem pedaços de algodão embebidos emazeite-de-dendê, que se incendeia, proeza que presenciamos algumas vezes no terreiro do pai-de-santo Júlio Estaves, em Olinda,RJ (ContaPierre Verger, no livro citado). Esse algodão incandescente – o acará –serve para provar que o Orixá está presente e, portanto, não hásimulação.
0 coisas ditas ...:
Postar um comentário